A Beleza: Reflexão Sobre o Supremo Desejo Humano
- Veri Lourencetti
- 20 de dez. de 2024
- 3 min de leitura
A beleza é um tema central na história do pensamento humano. Desde os gregos, esse conceito tem sido explorado como algo que transcende o cotidiano, inspirando poetas, filósofos, arquitetos e todos aqueles que buscam compreender o sublime. Apesar de sua complexidade, o entendimento da beleza se mantém relevante, e hoje nos debruçamos sobre ela para refletir sobre sua essência e impacto em nossas vidas.
A Beleza: Um Chamado à Contemplação
Os gregos foram pioneiros ao questionar o que torna algo belo. Para eles, a beleza era algo que transcende o mundo sensível, manifestando-se em elementos como a proporção e a harmonia. Esses aspectos, por sua vez, despertam em nós o desejo de contemplar, de compreender e de amar. Essa capacidade de maravilhamento é exclusivamente humana, pois somos os únicos capazes de conhecer o ser das coisas e, a partir disso, desejarmos nos unir a ele.
Enquanto os animais não contemplam um pôr do sol, nós, seres racionais, experimentamos o maravilhamento por meio dos sentidos e o elevamos pela inteligência e pela vontade. Isso nos leva a buscar aquilo que é verdadeiro, bom e belo — os transcendentais que, segundo os gregos, nos conectam ao divino.
A Beleza como Reflexo do Divino
A relação entre a beleza e Deus é profunda. Desde a antiguidade, filósofos chegaram à conclusão de que a máxima beleza, bondade e verdade convergem em Deus. Ele não é apenas criador do belo; Ele é a própria Beleza. Tudo que Ele fez foi declarado "bom", e o que é bom carrega em si a beleza.
No entanto, o mal surge quando desordenamos esses bens, colocando valores menores acima de valores maiores. Quando essa desordem ocorre, perdemos o senso de beleza e, com isso, a conexão com o que é mais elevado. A feiúra, portanto, é a ausência ou a distorção da beleza original, que reflete a ordem divina.
A Inteligência e a Vontade na Busca pelo Belo
Para amar a beleza, é necessário conhecê-la, e o conhecimento humano se dá pelos sentidos. No entanto, esse amor exige liberdade, pois amar é uma escolha consciente. O verdadeiro amor à beleza, à verdade e à bondade demanda entrega total, superando nossos próprios limites e desordens internas, como preguiça, vaidade ou inveja.
Santo Agostinho, em sua célebre confissão, expressa a descoberta tardia dessa beleza que sempre esteve presente:"Tarde te amei, beleza tão antiga e tão nova. Eis que habitavas dentro de mim, e eu te procurava fora."Essa beleza não está apenas em proporções áureas ou formas externas, mas é a própria essência divina que habita em nós e nos chama ao abandono em sua direção.
Arquitetos da Beleza e do Céu
Arquitetos, como poetas e filósofos, são buscadores da beleza. Seu trabalho é uma expressão dessa busca, um reflexo do desejo humano de contemplar e recriar a ordem divina no mundo. Entretanto, para que seu impacto vá além das formas, é necessário amar aquilo que se cria. É o amor à beleza que transforma um projeto em algo transcendental, capaz de inspirar e contagiar aqueles ao seu redor.
Se existe algo que o mundo precisa, é de pessoas que, ao conhecerem a beleza, escolham amá-la e lutar por ela. Não basta entender proporções ou estilos; é preciso abraçar a beleza como um ideal que reflete o divino.
A Beleza como Caminho para o Divino
A busca pela beleza é, em última análise, uma busca por Deus. Ela nos eleva, nos transforma e nos aproxima daquilo que sempre buscamos. Assim como um pôr do sol nos maravilha, a face de Deus — a própria Beleza — é o destino final de todos os nossos desejos.
Portanto, se você busca a beleza, faça dela um caminho de entrega e amor. Não abafe esse chamado, pois ao se entregar à beleza, você não apenas transforma o mundo ao seu redor, mas também salva a própria alma. Como arquitetos do belo, nosso lugar é no céu, onde a beleza é plena. Afinal, não há espaço para o belo no inferno.
Decida, então, abandonar-se à beleza. Não apenas conheça, mas ame. Seja um reflexo da beleza divina no mundo e inspire outros a fazer o mesmo.
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